O arquiteto e urbanista dinamarquês, Jan Gehl, é conhecido mundialmente por seus trabalhos e planos de revitalização de centros históricos no mundo inteiro. Para ele, revitalizar significa: “redescobrir a cidade como um centro de cultura e entretenimento, um paraíso para pequenos negócios criativos, e um ótimo lugar para viver e aprender”.
Gehl realizou estudos com os centros das cidades de Copenhagen (1996), de Melbourne (2004), entre outros. Seu objetivo era estudar como a cidade se desenvolveu ao longo dos anos, buscando dar mais coerência entre a vida dos habitantes, seus hábitos e etc., com a estrutura já existente na cidade, melhorando assim a vida pública no âmbito urbano.
Algumas estratégias observadas para a renovação da área antiga dessas cidades são:
- Melhoramento das ruas para a vida pública, revitalização de caminhos e fachadas;
- Atividades vinte e quatro horas, espaços para programas culturais;
- Melhor acesso a bicicletas e transporte público;
- Integração do mobiliário urbano com o tratamento urbano;
- Paisagismo, praças e parques;
- Aumento de residências, com ênfase nas que atendem à população de estudantes universitários;
Olhando para estas estratégias, uma me chama a atenção: a ênfase na população de estudantes. Gehl diz: “Universidades e outras instituições de ensino contribuem para um ativo e vivo ambiente urbano, criando um espaço para pessoas mais voltado para jovens. Os estudantes fazem uma grande contribuição para a diversidade e a vitalidade cultural da cidade.” Assim, os estudantes são para Jan Gehl, um grande fator de influência na vitalidade do centro, eles vão e voltam todo o tempo, durante todas as horas do dia, mantendo a cidade ativa durante a noite.
Para mim, isso chega a ser engraçado. Quando vamos a uma cidade estudantil na Europa, realmente o que mais vemos são os jovens ocupando os espaços públicos. No Brasil isso não é comum, muito menos em Brasília. A localização da própria UNB dificulta esse tipo de ocupação. Estes estudos me chamaram atenção também pelo questionamento abordado em sala sobre o gramado atrás do ICC. Acredito que com uma consolidação da permissão de ocupação da área, ela se tornaria bem mais viva e agradável.
Quem se interessar mais sobre esse assunto de estudante e espaço público, me fale! Ele foi tema do meu Ensaio Teórico em arquitetura!
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A Mariana pensa assim. E você? Participe!
Interessantes essas estratégias!

Quando fui para Buenos Aires, percebi que as praças de lá também são muito frequentadas, e acredito que muitas delas possuem exatamente essas características.
Além disso, todos os domingos, muitas praças realizam feiras de artesanato e ficam lotadas. Não só as feiras, mas todas as praças e parques da cidade são ocupados.
E olhando essa estratégia voltada para os estudantes, parei para pensar e lá em BA era bem evidente que a maioria das pessoas eram jovens de 20~30 anos!
Quem sabe um dia a gente não consegue fazer alguma coisa para as praças de Brasília ficarem assim também!
O espaço gramado na UnB é muito interessante sob e esse ponto de vista. Ele tem um grande potencial de se tornar um espaço de convívio. Porém é pouco utilizado. Certa vez, combinamos na minha turma de fazermos um Pique-nique nas arredondesas da UnB e encontramos um local bem gostoso, perto do “Beijódromo”. Foi muito bom! No entanto, algumas pessoas passavam e achavam aquilo extremamente estranho.
Bom, acredito que aqui em Brasília não faltem locais para convívio, mas os brasilienses têm esse medo do tal do “convívio”.
Cada vez têm-se mais condomínios fechados com área gourmet na sua própria varanda, com sua portaria, com seu acesso exclusivo… As pessoas aos poucos vão se interiorizando. E por consequência têm-se menos parques, menos áreas de uso comum… Todos esses espaços públicos se tornam, portanto, espaços ociosos. Lugares onde a falta de pessoas circulando fazem deles ambientes perigosos.
Um vídeo interessante a respeito:
Será que em cidades universitárias, como Ouro Preto, Viçosa, e São Carlos, se dá da mesma maneira que a UnB? Ou elas atendem o modelo Europeu? Talvez o foco das cidades universitárias brasileiras esteja realmente em algo mais voltado para a diversão, onde os espaços públicos sejam ocupados por festas.
Não conheço tais cidades, mas é uma suposição válida. Sua pesquisa abrange alguma delas?
Abrange a cidade de Ouro Preto! Na verdade o nome é: “O estudante universitário como agente de requalificação do espaço público. O caso de Ouro Preto.” Se te interessar, André, te mando!